sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Confira entrevista exclusiva com Max Fercondini






Ele é loiro, alto, tem olho azul e é galã de novela. Simpático e sorridente, não fosse pela ausência do cavalo branco, seria o príncipe encantado do imaginário popular. Pelo bom senso, vale saber que Max Fercondini é mais que isso: tem um papo supermaduro aos 23 anos, fala um português corretíssimo, é inteligente, um profissional bem-sucedido e engajado na causa ambiental.

Carlos Hauck - Esp. EM - DA Press


Em nove anos de Globo, foram nove novelas. Além de participações no canal Futura, um longa e campanhas, fez um episódio do extinto programa Linha Direta: "Fui convidado a participar porque estudei seis anos de alemão, que era a língua do personagem".
Na semana passada, Max esteve em Belo Horizonte participando do evento Diálogos da Terra no planeta água (saiba mais na página 12), onde falou sobre seu projeto, Nas asas do Brasil. O Ragga Drops foi conversar com o cara sobre a carreira e, claro, sobre o projeto e o meio ambiente.

Você tem aqueles contratos eternos com a Globo, em vez de ser por novela?

Não. Rs. Contrato eterno, se existir, é só Tony Ramos ou Regina Duarte, mas é lenda. A gente não sabe se existe. O que tenho é um contrato longo, até por ser cria da casa. Comecei lá com 14 anos, então, eles investem bastante em mim e sei que tem uma perspectiva legal de crescimento. É uma coisa que nunca tive pressa, acontece com o tempo, poder fazer personagens mais expressivos.

A revista Nova disse que você é "veterano e galã". Se considera assim?

Não. Venho trabalhando há um bom tempo e na faixa etária que me encontro sou mais experiente do que alguns atores. Mas sempre me dediquei muito a todos os trabalhos que fiz e com uma postura muito profissional. Se for em relação ao profissionalismo, posso me considerar um veterano.

E o galã? As meninas te agarram na rua?

Rs. Não. Não sei se tenho andado pouco na rua ou se não tem acontecido com tanta freqüência, mas já foi uma fase. No início da carreira tem um apelo maior. Mas é legal. Aqui mesmo, no Diálogos da Terra, o pessoal veio me receber querendo tirar foto e é isso que posso despertar nas pessoas: alguém que gosta do meu trabalho vai parar pra pensar "o que o Max está fazendo em um evento de meio ambiente?" Quero despertar a atenção das pessoas não só pelo apelo sensual do galã, ou porque a TV Globo trabalha isso em atores com o meu perfil, mas pra poder expressar minhas idéias e crenças.

Você fala inglês e alemão? Que mais?

Rs. Mais nada. O portunhol também... Mas alemão aprendi na escola, no ensino fundamental mesmo. Na época nem tinha interesse em dominar a língua. Fez parte do meu currículo escolar, mas é alguma coisa que, algum dia ainda vou retomar, é legal e mais uma característica diferente...

Te rendeu um trabalho...

Até rodar caderno na ponta do dedo indicador me rendeu uma participação no Faustão. Rs. O barato é que, na profissão de artista, tudo o que você faz acrescenta na sua vida. Sou piloto privado de avião, tenho certeza que, alguma hora, alguém vai escrever um personagem em que sou piloto. Estou envolvido com o meio ambiente, que é algo que deve chegar às novelas em 2009. São coisas que posso usar pra contribuir como funcionário mesmo.

Carlos Hauck - Esp. EM - DA Press



Você quer comprar um avião e já tem um brevê (licença pra pilotar)?

Tirei o brevê e já tenho o avião, que não é meu e sim do projeto Nas asas do Brasil.

O que é o projeto?

Vou fazê-lo como piloto e apresentador. A gente vai voar pelo Brasil e retratar tudo o que for mais relevante no cenário social, cultural e ambiental. Essa participação aqui, no Diálogos da Terra, é em função dessa característica do nosso projeto. Voando, vamos passar pelos cinco principais biomas brasileiros retratando fauna e flora. A expedição também vai fazer o plantio de árvores pra neutralizar a emissão de gás carbônico.

Há quanto tempo está trabalhando nisso?

Um ano. A gente tem uma pesquisa muito grande e, no nosso book de apresentação, 93 localidades, sendo que, de fato, vamos pousar em 41 delas. Se for possível, vamos passar em outras que não estão predefinidas dentro dessas 93. Começa no ano que vem e vai durar cinco meses.

Carlos Hauck - Esp. EM - DA Press



Você diz que é preciso misturar questões ambientais, sociais e culturais. Como fazer isso?

A gente não pode dividir. O social também é cultural e ambiental. Ao inserir valores e cuidados pela natureza no contexto cultural de uma nação, você fortalece a identidade de um país. O Brasil é privilegiado por herdar a Amazônia, rios tão grandes e uma costa fantástica de milhares de quilômetros, que agora é uma potência de petróleo, o que vai resultar diretamente no social.

Você também diz que a cultura tem seu papel...

Qualquer valor que esteja integrado à cultura de um país, de fato, tem expressão, acontece. A monarquia, na Inglaterra, por exemplo, é uma característica cultural. As pessoas os têm como referência e mudam seus costumes e hábitos através das mensagens que a rainha ou a família real passam.

Influencia, assim como o ator de novela no Brasil...

Da mesma forma.

Carlos Hauck - Esp. EM - DA Press



Estes atores, então, deveriam emprestar mais a imagem a causas sociais?

Não é emprestar. É o que está na essência de cada um. O Diálogos da Terra não está fazendo o uso da minha imagem pra divulgar o evento. Não precisa disso. Eu estou fazendo dele um momento pra conscientizar a minha geração, falar e levantar suspeitas do que acredito ser uma melhora coletiva.

O que você acha de previsões pessimistas, como uma pesquisa da ONU que afirma que em 20 anos apenas 60% da população terá acesso água? Tem como reverter isso?

A gente consegue reverter e a tecnologia vai, de alguma forma, encontrar a solução pra tirar água da atmosfera, ou dessalinização, pra que a gente possa beber. Acredito que a ciência é o poder divino, a materialização de Deus para os seres humanos. Pode chamar de Deus, ou o que for sua crença. A ciência não fala de Deus, mas faz tudo provando que Deus é algo superior e existe. É a constante tradução do divino.

 

Carlos Hauck - Esp. EM - DA Press

 



Bom conselho


Qual sua dica pra um leitor que tenha, por exemplo, 16 anos, more no Vale do Jequitinhonha e estude no 2º ano? O que ele pode fazer pra mudar o meio ambiente?

Mudar depende muito da nossa geração, de agora. Vale lembrar a importância da coleta seletiva de lixo, economia de água, divulgar o que você faz e o que é feito na comunidade. Na própria escola. Acho que a educação é um meio de mudar isso, a educação ambiental. O consumo consciente só existe se você tem essa consciência. Isso deve ser ensinado às crianças, que recebem lições que vão levar pra seus pais e os mais velhos. A transformação vai acontecer nas futuras gerações, mas tem que começar agora.



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